Thursday, July 24, 2008

Uma grande lição


Desde pequenos que nos ensinam padrões de comportamento, regras que devemos cumprir, noção do certo e do errado, a diferença entre o poder fazer e o dever fazer. Lembramo-nos de ouvir os nossos pais, os nossos avós, os nossos tios, os professores, a gastarem quantidades incríveis de saliva para nos explicar esses padrões, ou então para nos repreenderem. Em alguns casos lembramo-nos até de ver a usar um gesto, um olhar, um tom de voz mais elevado, para nos levarem à razão, ou seja, para que nos comportemos de forma correcta e cumpramos as nossas obrigações enquanto indivíduos-filhos-alunos-sobrinhos-netos, seja o que for. Será que depois de tanto trabalho o saldo foi positivo? Será que aprendemos a lição? E se as pessoas que nos educaram nos vissem agora, tal como somos, sem rodeios? Ficariam satisfeitas ou não? Alguns sim outros não. Cada indivíduo é diferente e cada criança é um caso especial. A par da educação, a genética, os traços de personalidade que temos desde o tempo em que estamos no útero da nossa mãe, também influenciam nesta lição. Se uma criança mais tarde não se revelar aquilo que os educandos pretendiam não quer dizer que a culpa seja totalmente deles. Há pessoas que já nascem com uma personalidade de tal maneira vincada que é muito difícil ir contra os seus princípios, e por personalidade forte e vincada não quer dizer necessariamente que seja uma personalidade adequada segundo os padrões de comportamento que nos impingem desde crianças. Se a lição não foi entendida é uma pena, pois esses padrões não existem para nos limitar e sim para nos dar liberdade, enquanto seres humanos para viver num mundo seguro e sem conflitos. O mundo perfeito não existe, pois nenhum humano consegue ser perfeito, mas não vejo mal algum em tentar lutar por isso. Agora para aqueles que aprenderam a lição é necessário ter cuidado com as crianças que estavam distraídas quando lhes diziam que a inveja era um sentimento feio e que não se deviam meter na vida das outras pessoas, nem prejudicar os outros. É claro que todos nós somos tentados a experimentar esses sentimentos e provavelmente já os utilizamos, mas também haverá alguns que já foram mais vítimas deles do que causadores, como me aconteceu a mim. Contudo, é bom sermos confrontados por essas “crianças que não aprenderam a lição”, porque isso só fortalece a ideia que temos de nós mesmos, e quão bem instruídos somos e como os nossos educandos se orgulhariam de nós. Costuma-se dizer quem vai à guerra dá e leva, neste caso eu diria, quem vai à guerra volta e deixa lá o inimigo sozinho com um novo brinquedo. É preciso dar espaço as essas crianças ou adultos imaturos para crescerem (se é que alguma vez irão crescer), pois para nós os tempos da escola já acabaram há muito. Agora está na altura de lidarmos com problemas a sério e pessoas a sério, pois quem vive em função dos outros não é uma pessoa a sério. Temos de aprender a ser nós próprios e a viver pelo que somos e pelo que fazemos. Intrigas, inveja e ciúme apenas levam à solidão. Se já aprendeu a lição, os meu parabéns, se ainda não aprendeu, tenha cuidado que um dia o feitiço vira-se contra o feiticeiro.