Friday, April 27, 2007

Big Time Sensuality


A sensualidade é algo que não se vende, é algo que alguns aprendem, com que outros nascem, que alguns nunca virão a ter. É um olhar, um gesto, um andar, um passo de dança, um perfume, um respirar, é algo que nos envolve e nos enfeitiça de tal maneira que o resto deixa de ser importante e apenas o querer possuir aquele ser tão sensual faz sentido. São sobretudo hormónas, mas é também algo transcendente, um dejeso irreversível que nos consome, uma ideia que não nos sai da cabeça, um ser humano que nos deslumbra, que é (ou não) igual a nós. Seduzir é um jogo que pode divertir-nos durante imenso tempo ou pode tornar-se num jogo sem regras, perigoso. A sedução é uma das melhores coisas da vida. É o que dá mais prazer e vontade ao namoro, é o que nos leva a envolver com outra pessoa. Através da sedução tudo se gera, tudo se constrói, os desejos ganham forma e a vontade ganha mais empenho. Infelizmente é algo para ser jogado a dois e não é qualquer homem que desperta em mim a vontade de seduzir. Por enquanto fico sentada a ver os navios a passar e os outros a seduzirem.
Bjork - Big Time Sensuality

Face to Face



Todos dizem apreciar a frontalidade, mas a verdade dói e há palavras que não conseguimos ouvir, realidades que não conseguimos aceitar, pontos de vista que não entedemos. Ninguém gosta de ouvir críticas por mais verdadeiras que sejam e se alguém gostar é porque tem sérios problemas de auto-estima. Cada um de nós tem-se demasiado em conta a si próprio, todos somos um pouco egocêntricos, embora alguns exagerem, somos como somos porque gostamos de quem somos (ou porque não conseguimos mudar) e se alguém nos faz uma crítica negativa, mesmo dizendo "hum hum, tens razão...pois...hum hum, não, não, tens toda a razão", pensamos que é ele que está enganado e não nós, pois com certeza conhecê-mo-nos melhor a nós próprios do que os outros a nós. O problema é que nos esquecemos que os outros nos reprimem e critica consoante a visão que ele têm de nós e não nós de nós próprios. Não aceitamos criticas quando tememos que estas firam as nossas susceptibilidades e que nos obriguem a repensar de novo a nossa maneira de actuar e de pensar. Não aceitamos críticas porque somos arrogantes, convencidos, cobardes? Não... nós não aceitamos críticas porque somos mentirosos. Todos utilizam o descurso do "ai eu prefiro que me digam as coisas na cara do que falem mal de mim nas costas" e outro também igualmente conhecido "eu gosto de pessoas que sejam frontais". É tudo treta! Quando chega à hora de encarar a verdade e de ouvir o que os outros têm a dizer a nosso respeito ficamos xateados. As pessoas frontais que eram amiguinhas e que admiravam muito, depressa se transformam em amigos falsos, em intrometidos, em traidores, em tudo e mais alguma coisa, isto só porque tiveram a coragem de ser frontais, de dizer a verdade, e ai sim de ser mais amigos do que os amiguinhos do "es perfeito assim" e do "es a pessoa mais isto e mais aquilo do mundo". Sempre me disseram que uma qualidade que apreciavam bastante em mim era a frontalidade, mas no fim quem se deu sempre mal fui eu. Serei frontal de mais? A frontalidade nunca é de mais, embora num mundo como este só mesmo alguém com um grande estofo consegue ser frontal a 100%. Eu ja me dei muitas vezes mal por dizer o que acho, mas sinceramente a frontalidade é uma das qualidades que mais prezo em mim e nos outros e agora sem merdas eu gosto que me digam as coisas na cara! E ai sim começo a respeitar mais essas pessoas. Agora quem falar de mim pelas costas so merece o meu desprezo. Isto não é um ultimato mas sim um desafio, venham ter comigo e digam tudo o que pensam sobre mim, eu faço o mesmo, basta pedirem, mas sejam mais adultas e menos teens, enredos de novelas na minha vida não obrigada. Sou frontal e vou continuar a sê-lo! Quem gostar gostou, quem não gostar venha falar comigo e eu dou-lhe os parabéns. Podemos não gostar de ouvir críticas mas devemos aceitá-las ou pelo menos respeitar a opinião dos outros, isto se também queremos ver a nossa respeitada.

Thursday, April 19, 2007

Changing nothing



Mudar... será que alguém tem realmente a capacidade de mudar? Ninguém muda da noite para o dia. As mudanças requerem alterações e repercussões profundas na nossa vida e na do que nos rodeiam. Contudo, quando nascemos somos uma página em branco, um livro por escrever, uma vida por viver, um ser humano a ser moldado. A verdade é que quando nascemos ainda temos um carácter por definir, uma personalidade a ser criada. Temos o poder de sermos quem queremos ser. Por outro lado, não teremos este poder durante toda a vida? Os primeiros anos da nossa vida são cruciais para definir o nosso caracter. Ganhamos traços que nos acompanharão até ao fim da nossa vida. O problema é que há nascença não escolhemos quem queremos ser. Ninguém nos mostra um catálogo de personalidades. Do nosso inconsciente somado com a educação que nos conferem irão resultar o Eu actual. Não temos culpa da educação que temos e nem do nosso inconsciente, pois herdamos os traços dos nossos progenitores e aprendemos com eles (ou com alguém próximo de nós). Somos o que somos porque assim nos criaram. Mas se não estivermos satisfeitos com a maneira como somos? Será que conseguimos verdadeiramente mudar? O ser humano não é nenhum animal com capacidade de mutação instantânea. O processo de mutação demora semanas, meses ou anos, pode sté nunca acontecer. Muitas etapas terão de ser superadas, muitas lutas travadas, um dia vivido de cada vez, tentando iniciar um novo ser humano, no fundo tentando renascer. É isto mesmo que queremos: Renascer, ter a capacidade de mudar, de ser alguém diferente, de desenvolver um sentido camaleónico. Surgir das entranhas da vida e respirar de novo, poder olhar de frente para o espelho e gostar de nós... ser diferente, ser melhor, ser como queremos e como a sociedade o deseja. Para isso, não vale a pena mudar. Além do mais quando mudamos o envolcro pode tornar-se diferente, mas o conteúdo permanece. No fundo ninguém consegue mudar, e os que mudam tornam-se infelizes. Somos como somos e temos de aceitá-lo. Eu aceito-me e gosto de mim. Por mais represálias que receba, por mais incompreendida que seja, não vou mudar, porque sou assim, sempre fui e sempre serei. Já fiz mudanças superficiais, isso sim, pois também evoluo, mas no fundo serei sempre aquela criança sonhadora que vive no seu próprio mundo pequeno e minúsculo...

Sunday, April 15, 2007

Lost and Deception



Há coisas que nos passam ao lado. Por vezes estamos tão fixados numa coisa que tudo o resto deixa de ter importância. Ficamos colados, dependentes, absorvidos por essa mesma coisa. Tudo o resto é apenas éter, nada que seja suficientemente especial para despertar a nossa atenção. Perseguimos aquele objectivo, ansiamos por ele, mas muitas vezes quando o obtemos vemos que não era bem o que esperávamos e então chega a desilusão, o dissabor, a sensação de que todo aquele tempo perdido em busca daquilo que ansiávamos foi apenas uma perda de tempo. Isto acontece-nos milhares de vezes algumas até sem nos apercebermos. Juramos que da próxima vez será diferente, estaremos mais atentos ao que nos rodeia, não nos fixaremos apenas naquele ponto, mas a verdade é que acontece sempre o mesmo. Não conseguimos evitar a desilusão e o sofrimento. A perda faz parte do nosso processo de aprendizagem, embora se repercute por toda a vida. Tentamos lidar com a desilusão das mais variadas formas, quer seja a encara-la como o fim da nossa vida, quer seja ignorando-a, esquecendo-a. O certo é que não conseguimos deixar de nos apegar às coisas ou às pessoas e esquecer que fora da nossa pseudo – obsessão existe um mundo de possibilidades infinitas que nos podem fazer igualmente felizes. “Depois da tempestade vem a bonança”, mas nem sempre é assim. Há dores que não passam e coisas ou pessoas insubstituíveis. Há perdas e desilusões que nos acompanham no dia a dia. Existem dores que nenhuma catarsis consegue salvar. A dor permanece, mas a nossa vontade de melhorar também. Por maior que seja o ferimento acabamos sempre por nos levantar e seguir em frente, apesar de sabermos que iremos cair outra vez. Sem esta capacidade de regeneração emocional não seríamos capazes de viver. Somos seres mais fortes do que aquilo que julgamos, não fisicamente, mas emocionalmente, intelectualmente, psicologicamente. Temos o dom do pensamento, só isto chega para nos dar força para continuarmos a viver. Cada um de nós encerra em sua mente um universo altamente complexo (uns nem tanto), o nosso refúgio, o nosso mestre, o ego. Encontrando-nos a nós próprios conseguimos ultrapassar qualquer desilusão ou perda, não nos esquecemos dela, mas ganhamos forças para continuar. A desilusão e a perda são emoções que nos ajudam a formar o nosso carácter e embora não devamos ver o mundo só de preto, também não o devemos ver apenas de branco. O mundo é uma paleta de cores, cabe-nos a cada um de nós escolher as cores com que deseja pintá-lo… o meu é um arco-íris!

Saturday, April 14, 2007

Sonho ou Realidade?



Nasci no mundo dos sonhos. Nele fui concebida, nele cresci, até que um dia acordei… Doeu, chorei, fiquei ferida e ainda estou. Foi como um grito que despertou todos os meus sentidos que afinal são muito mais que cinco. A minha epiderme vibrou, minha retina deslocou-se, fiquei mais desperta do que nunca. No início tive medo… mas que mundo era aquele? Que coisas estava eu observando? Onde estou? Quem sou? Que faço? Mil e uma perguntas sem resposta, um inquérito ao meu ego, um vazio ansioso por ser preenchido. Tinha renascido… despertado para a realidade, acordado do mundo dos sonhos, senti-me como uma criança expelida do ventre de sua mãe, assustada, curiosa, nova, com dificuldade em respirar. Depressa me entreguei à realidade e consumi o máximo de informação e de repostas às mais variadas questões existenciais. Queria viver, conhecer, saber, respirar, ser uma profetisa da realidade. Deixei de sonhar… minhas emaranhadas teias de ilusões ficaram de lado, minhas fantasias, meus desejos, meus contos de fadas, aqueles lugares longínquos, aquelas pessoas estranhas, aqueles pesadelos que me perseguiam e aqueles sonhos que me resgatavam. Fiquei dura e fria, uma observadora atenta da realidade, uma acérrima defensora da verdade, mas após tantas odes a ela dedicada e de tanto tempo acordada percebo porque esporadicamente era avassalada por uma onda de nostalgia que me lembrava meus sonhos. Queria voltar a adormecer porque aí era muito mais feliz, mas a ânsia e o poder da realidade consumiam-me de tal forma que queria manter acordada. Sempre pensei que a viver em busca da verdade era o melhor objectivo para viver. Mas o que eu queria era liberdade e nada mais. Será que a verdade e a realidade me podem dar a liberdade total, sem barreiras? E o mundo dos sonhos? Através dele fui livre das mais variadas formas e maneiras possíveis mas nunca foi real, foi apenas um sonho. Não me decido entre a realidade crua, dura, mas verdadeira; e os sonhos libertadores, que me deixam respirar, voar, ser qualquer coisa ou pessoa. A minha curiosidade impede-me de desistir da busca da realidade, por outro lado as minhas raízes impedem-me de esquecer o onírico, algo que só a própria realidade limita. Não sei em qual mundo viver… um dia decido e mudo-me para o mundo dos elfos ou atinjo o nirvana quando encontrar aquilo que procuro no mundo real.
“A realidade é o pesadelo do mundo dos sonhos”, esta é para ti Rutinha, porque te admiro por viveres no mundo dos sonhos.

Just Pleasure



Tudo começa com uma batida, um passo de dança, um simples olhar através do fumo, um movimento mais sensual, um sussurrar ao ouvido, uma mão passando pelos cabelos, um respirar de perfume, um aconchegar mútuo, uma sintonia perfeita entre os corpos, o existir por si só, independente de tudo, o ser livre e sentir-se único no meio da multidão. Deixamos de ver quem nos rodeia, apenas nós existimos, aqueles dois corpos, perfeitamente encaixados no seio no universo, mas que por momentos são os donos da noite, do mundo, criam o seu próprio universo paralelo. Não são eles que estão fora de órbita, mas os outros todos, pois para eles, naquele momento, tudo faz mais sentido e sentem-se muito mais completos. É óbvio que são eles que estão certos e os outros todos errados, mas num mundo onde não certo nem errado, eles estão pelo menos melhor. Não pensam em nada, livres de preocupações, senhores de si, apenas agem, deixam-se levar pela emoção, pelo prazer, pelo êxtase, pela loucura, pelo palpitar constante e frenético do coração, pelas borboletas que batem as asas dentro da barriga deles. Naquele momento eles são muito melhores que todos, pois mesmo que não amem, gozam, vivem, aproveitam, sentem algo mais transcendente que uma oração, algo que consegue conciliar o prazer corporal e a elevação espiritual. Sejam bons ou maus, mais ou menos, são sempre únicos. São os segundos mais excitantes da vida de qualquer pessoa, são um misto de euforia, dor e prazer. É a subida ao décimo nono céu. É algo que de outra forma não se sentiria, é pelo que vale a pena viver. Mesmo que estejamos a morrer ou que o pior nos tenha acontecido, nesses segundos esquecemos tudo. É por isso que o que começa numa discoteca ou num café e acaba numa dança de corpos é tão bom, porque apenas vivemos para e pelo prazer, nada nos atormenta, tudo é novo, bom, libertador, a batida, o passo, a dança, o olhar, o movimento, o sussurrar, as mãos, os cabelos, o respirar, o perfume, o aconchegar, a sintonia, o corpos, a liberdade… tudo ganha sentido, tudo se move, tudo me nos faz feliz, tudo é… prazer!