Monday, October 22, 2007

Music is my hot sex



Musica... Uma mistura de sons e sentimentos. Uma voz que nos embala ou nos desperta, que nos apazigua ou que nos enerva. Uma estranha forma de vida. Algo que é apenas por si mesmo. Uma forma de subsistência. Uma forma de amar, odiar, chorar, sorrir. Uma parte de nós. Muitas vezes associamos uma música a vários momentos da nossa vida. Eu ouço sempre uma música dentro de mim. A cada minuto, a cada segundo ecoa um som diferente na minha mente. A minha banda sonora acompanha-me permanentemente. Sinto-me como uma jukebox que vai tocando a meu próprio pedido. Sou o meu próprio dj, o meu próprio maestro. O meu inconsciente faz-me percorrer o mundo musical desde o mais suave acorde de guitarra ou de violoncelo até aos beats mais hards. Todos os sons são música para os meus ouvidos. Basta sabê-los ouvir e interpretar o seu significado. Ler nas entrelinhas duma música, decifrar o seu código. Saber o que cada som significa para nós. Deixar que o sentimento transponha qualquer barreira. Mais do que ouvir, sentir, porque a música não é mais do que uma confissão a nós mesmos, uma amostra do nosso estrado de espírito. Uma forma de expressão, uma brisa de ar fresco que transmite vida, morte, horror, alegria. Uma substância invisível que podemos moldar como nos apetecer. A cada inspiração ouço uma nota musical. Fecho os olhos e observo desertos infindáveis, paisagens desoladoras, climas mais quentes ou mais frios, oceanos, montanhas. Subo o Evereste, perco-me no Sahara, atravesso o Oceano Atlântico, pesco no Ârtico, faço um ritual com uma tribo africana, visito o Taj Mahal e no segundo seguinte corro pela Time Square Avenue, embrenho-me na Amazónia, estou no meio de Tóquio. Sou omnipresente. Desloco-me à velocidade da luz, mais rápida que a brisa do vento. Estou em todo o lado, em toda a parte, até abrir os olhos e ver que não sai do sítio. Foram apenas uns decibéis mais ou menos agudos que me transportaram através dos confins do mundo. A música é a melhor companheira que podemos ter. Não nos desilude, é-nos fiel, faz-nos sonhar, toda ela transborda vida. É uma essência, um elixir, um dom, um beijo, um acto carinhoso, uma bofetada, um olhar, um salto para o imaginário. Música é o mundo, sou toda eu, é toda a vida. O música é sem dúvida o sexo mais excitante.

O Porto é lindo à noite...



O sol cai, as pessoas saiem do trabalho, as primeiras estrelas aparecem, as luzes acendem-se e assim ganha vida uma cidade. Com o anoitecer tudo parece despertar. As verdades revelam-se, observam-se coisas estranhas, foram do comum, as pessoas misturam-se e cruzam-se a cda esquina com diversos tipos de gente, desde as mais antíquadas às mais modernas, das mais rebeldes às mais conservadoras, das mais simples às mais extravagantes... Tudo parece agir simultaneamente. É uma simbiose de gentes, uma mistura de raças, cores e feitios. O som das gaivotas desaparece, a brisa nocturna surge. Preparo-me para sair. Enquanto precorro as ruas desta cidade sinto-me envolvida por um misticismo e uma magia que me leva a sonhar pelos recantos mais longuínquos do mundo imaginário. As pedras da calçada parecem de repente falar; as paredes das casas contam-me suas histórias; as luzes tentam-me ofuscar com pensamentos de espíritos que vagueiam pela cidade; o olhar das pessoas revela-me quem elas são. Chegando à margem do rio as águas negras e espelhadas reflectem a minha própria imagem, distorcida pelos pensamentos que me assombram. O cheiro a mar, a cor do céu que parece nunca querer escurecer, tudo me envolve numa dança de sons, aromas e sentimentos que me embalam pela cidade fora. Estou aqui tal como poderia estar em outro lado qualquer, mas pelo menos tenho uma cidade multifacetada que me mostra que existem outras realidades e que me transporta para qualquer parte do mundo. É assim, envolvida pela história que cada rua me contam e pelo sentimento desta cidade que passo os meus dias e principalmente as minhas noites. Pois uma cidade só se revela à noite, que é quando desvendam os segredos e nos deixa penetrar no seu íntimo. Um ano depois de aqui chegar descobri onde quero ficar para sempre. Porque o Porto é arte, é história, é amor, é ódio, é saudade, é sentimento, é felicidade, é desgraça, é tudo o que quisermos que seja. Porto é vida!

Friday, October 5, 2007

Strange way of leaving home



Quando ficamos algum tempo sem ver certas coisas, acabamos por esquecê-las ou por as estranhar quando nos deparamos com elas novamente. No entanto há coisas que nunca se devem esquecer, até mesmo alguns erros, pois só assim podemos evitar repeti-los, mas pior que esquecer algo que nos é precioso à memória é estranhar algo que também nos foi precioso até há bem pouco tempo. As coisas que esquecemos verdadeiramente jamais nos recordamos delas, ou então lembramo-nos vagamente de como eram. Por outro lado, as coisas de que necessitamos regularmente não podem ser esquecidas, caso contrário causariam desconforto e/ou situações um pouco estranhas. Tal como eu, quando regressei a casa, após algum tempo de ausência tive a sensação de ter estado este tempo todo a viver noutra dimensão, a viver outra vida que não a minha. Regressar a casa foi como um regresso ao passado, nostálgico, deprimente e ao mesmo tempo reconfortante. Foi duro aperceber-me de que apesar de ter estado ausente as coisas continuaram a crescer sem mim, a vida continuou a seguir seu rumo, mas não sob o meu olhar, sob a minha vigília. Eu também cresci, mas longe de casa. Só quando estou aqui é que sei o quanto este sítio é importante para mim e quanto gosto dele. No entanto, não consigo viver aqui. Simplesmente não consigo, nem posso. Cada vez estranho mais as coisas num espaço de tempo mais curto. Tenho medo de um dia esquecer-me de vez deste sítio. Talvez seja o que irá acontecer, mas vou tentar mantê-lo vivo na memória e no meu coração enquanto puder e quando sentir que me estou a afastar demasiado, posso sempre voltar. Há um momento da nossa vida em que nãopodemos ficar mais presos ao lar. Temos simplesmente que abrir asas e voar. É triste já não sermos crias e termos de procurar o nosso prórpio rumo sem ajuda de ninguém. Apenas com um lápis, um papel e o nosso cérebro para pensar. A independência tem tanto de aspectos negativos como de aspectos positivos. O ideal era pudermos ser independentes com a ajuda dos nossos progenitóres, mas temos de enfrentar mundo sozinhos e só assim amadurecemos. Além disso, chega a um ponto em que os nossos pais precisam de descansar. Já nos tiveram tempo aue chegue, agora também eles vão ter de enfrentar o mundo, embora de maneiras diferentes. Há uma idade em que só sonhamos com o dia em que vamos fugir do ninho e depois quando estamos fora dele, só nos arrependemos de não o ter aproveitado mais e de não termos ficado mais tempo. Nunca estamos satisfeitos, mas como já disse outras vezes, ainda bem que é assim. É essa insatisfação permanente que vai dar muita força ao passarinho para mais tarde se tornar numa ave forte e robusta. As saudades do ninho? Essas ficam sempre...