Sunday, February 22, 2009

Há coisas que nunca mudam



Quando nos recordamos do passado somos invadidos por uma enorme onda de nostalgia e tristeza por saber que nunca mais vamos voltar a ter as mesmas experiências. Ou se calhar até vamos, mas com pessoas e cenários diferentes. Recordamos inúmeros episódios e personagens da nossa vida e perguntamo-nos o que será feito deles. Estarão mais altos, mais gordos, mais bonitos, mais burros… Será que se voltássemos todos a conviver as relações seriam iguais. Os amigos continuariam amigos, os inimigos continuariam a ser massacrados, continuaríamos com os meus rituais e com as mesmas conversas? Já se passaram alguns anos e embora eu me sinta cada vez mais distante da pessoa que outrora fui, reconforta-me saber que há coisas que nunca mudam. As pessoas crescem, envelhecem, mas continuam iguais. Continuamos a ser elitistas à nossa própria maneira, as mulheres continuam a olhar-nos de lado e os homens de cima a baixo. Aqueles que são verdadeiros amigos continuam presentes e os interesseiros ou amigos por conveniência seguiram a sua vida. Os inimigos continuam a não nos suportar, mas agora parece que já não nos reconhecem. Pode estar tudo igual, mas eu mudei. Não se tratando apenas da aparência como é óbvio. Cresci, vivi e acalmei. Contudo, no interior desta mulher ainda resta uma grande parte da rapariga rebelde e sonhadora de outros tempos e outras vidas. Esse pedaço de passado ficará sempre, pois faz parte de quem sou. Todas as histórias que vivi, todas as cicatrizes e mágoas que ganhei, completam-me. Todas as pessoas que me magoaram e desiludiram fizeram aquilo que sou, todas as pessoas que me foram indiferentes moldaram-me assim. Todos os que me deram amor e amizade, mesmo sendo poucos, também são parte de mim. Milhares de memórias que me fazem querer reviver o passado, pois mesmo não tendo sido fácil, nele fiz algumas das melhores amizades e recolhi algumas das minhas melhores memórias. Naquela terra onde Deus não passou, tudo continua igual… As pessoas, os cheiros, os sons, o frio. Reconforta-nos voltar a um sítio assim, pois vemos que estando tudo igual, nós não mudamos, mas sim evoluímos. Continuamos a mesma pessoa, mas mais crescida. Podem passar vinte ou trinta anos e quando voltar àquele cenário sei que vai estar tudo igual, apenas com mais rugas e cabelos brancos. Há coisas que nunca mudam… e ainda bem.

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