Monday, July 30, 2007

Princípe desencantado



Recordo-me dos contos de princesas que me contavam quando era pequena. A Cinderela, a Branca de Neve, a Bela Adormecida e muitos outros. Histórias que ouvi durante toda a minha vida, embora umas mais verdadeiras do que outras. Todas as meninas pequenas imagiam-se na pele de uma dessas princesas, com vestidos deslumbrantes, com a vida perfeita adquirida após ultrapassarem uma série de problemas. Um final feliz ao lado do príncipe encantado. No entanto, por mais obstáculos que ultrapasse não chego ao final feliz. Os desastres sucedem-se, o principe não aparece e a Gata Burralheira não se transforma em princesa. Na realidade a vida é mais dura e os problemas a ultrapassar são mais dificeis, não se resumindo ao "como arranjar um vestido para o baile". O principe loiro, de olhos azuis, elegante, charmoso e inteligente não existe. Beijo o sapo esperando que ele se transforme em príncipe, mas o anfíbio assim o permanece e denuncia mais um príncipe desencantado. Contudo, dou por mim à espera que o verdadeiro príncipe apareça montado no seu cavalo branco e me leve para bem longe, para, deste modo, ter uma existência pacífica e supostamente feliz. Eu sei que já não existem príncipes assim e os contos de fadas não acontecem, mas não consigo parar de ansiar pelo meu conto de fadas. Apesar de ser uma mulher prática e independente não consigo deixar de pensar como seria se eu fosse uma dessas princesas. Seria eu deveras feliz? Talvez sim... talvez não... O que é certo é que o sou agora, isto numa vida em que o meu príncipe foi deixado para trás e na qual tenho consciência de que a minha carruagem para o mundo perfeito há muito que partiu. Gosto do mundo duro e puro como ele é. Sem toda esta esta imperfeição a vida não teria sentido. Além disso hoje em dia a mulher pode ser uma princesa sem ter um principe, basta sentir-se realizada. Nenhum homem ou mulher, nem mesmo um príncipe ou princesa detém o passe para a felicidade de outrém. A partir do momento em que temos capacidade de raciocínio e acção tudo depende de nós. Cada um é a chave da sua própria felicidade e covenhamos que se ficassemos à espera do príncipe ou da princesa a maioria das pessoas morreria infeliz e ainda à espera. Está ao nosso alcance sermos príncipes e princesas sem o par. Ainda não me sinto uma princesa, mas tenciono sê-lo um dia... quanto ao principe... no fundo sonharei sempre com ele, pelo menos enquanto viver dentro de mim um pedacinho da criança que outora fui e que sonhava acordada com o seu próprio país das maravilhas... com o meu próprio minúsculo e pequeno mundo...

6 comments:

MatZ said...

cada um constroi a sua propria felicidade..
n e preciso princesas pra ser feliz..basta uma simples rapariga^^..desde k essa rapariga nos preencha o coraçao..
mas nc deixes de acreditar no principe..e smp bom mantermos um pedaço de criança em nos :B
*****

Perséfone said...

a minha infância não teve cá de principes nem de princesas. acordei para a Disney muito tarde, conheço as personagens todas, mas não vi nenhum desses filmes (só o Peter Pan, o Pinóquio, o Rei Leão, a Pocahontas e a Mulan.) devia andar muito ocupada a enfiar a Anita no miolo e a ler coisas sobre piratas.. O.o

sou uma ceptica sonhadora. (os cepticos sao os que correm mais perigo :P) talvez tu tambem o sejas. e segundo dizem é das piores coisas para se ser. dentro da satisfaçao em que vivemos permanecemos insatisfeitas. perfeccionistas ou exigentes por vezes. noutras verdadeiras deixa andar e despreocupadas. uma contradição total no geral das coisas.

na vida real não dá para rematarmos o romance com "viveram felizes para sempre". nao temos o luxo de poder parar no tempo e viver no imaginario tipico das crianças. it sucks! não ha ca barbies nem kens, nem princesas e principes. talvez haja ogres. o shrek parece-me realista q.b. para "historia encantada".

no fundo, por mais voltas que o planeta dê, e com ele as mentalidades da sociedade moderna, o ser humano por mais formas que tenha de se preencher vai sempre sentir falta do calor humano daquela outra pessoa. realizaçao pessoal passa tambem pela realizaçao sentimental. e sozinho não ha ninguem que sobreviva saudavel, e as relaçoes instantaneas e fugazes em falta de uma pessoa unica e especial tambem tem o seu prazo de validade.


beijo*

José Pedro Pinto said...

Deixas um bom incentivo a quem não conseguiu atingir o tão adorado príncipe (no meu caso, princesa, é claro...). Não devemos viver permanentemente com a cabeça virada para trás, tentando vislumbrar, no meio da multidão, a pessoa que nos encanta e com a qual quereríamos estar até ao resto dos nossos dias...

És a maior! No meio de tudo isto, consegues ser racional o suficiente para levantar a cabeça e dizer: "eu já sou princesa, que se lixe o principe que me fugiu".

Cada vez sobes mais pontos na minha consideração, sabes?

Vemo-nos pró ano em JCC, Mel. Até lá... continuarei a passar por cá.

UnfinishedSong said...

Pois é... Muitas vezes se perdem os sapos que nos alegram os dias à espera desses tais princípes que não existem... É uma realidade. Eles não existem. Não existe a pessoa perfeita. É preciso gostar do lado lunar da pessoa. Esse pode ser o mais perigoso, pode apaixonar e pode fazer da teoria do princípe um autêntico fracasso! Mas como o lado lunar tem crateras e fases que enganam e vão mudando, tem também um brilho fantástico... É pena que nos afoguemos tanto nos sonhos, que esqueçamos as pessoas de carne e osso que fazem muito mais sentido do que o conto de fadas que adorávamos em crianças.

UnfinishedSong said...

*têm

(eu podia divagar sobre este assunto durante posts e posts, por isso vou parar por aqui... mas adorei o tema ;) cm smp n fico indiferente aos teus textos...)

beijo*

Spa said...

Ora aí está uma grande verdade. * Subscrevo!